terça-feira, 20 de março de 2012

Formação: A Santa Missa – parte por parte

by Paróquia Santo Alberto Magno 

1º Artigo de Formação: Introdução

A Missa, ou Celebração Eucarística, é um ato solene com que os católicos celebram o Sacrifício de Jesus Cristo na cruz, recordando a Última Ceia. Na nossa refeição sempre reunimos em torno da mesa as pessoas que se querem bem, pois é um momento de partilha, de confraternização, de amizade.
Há dois mil anos também era assim. E foi uma ceia que Jesus escolheu para reunir os seus apóstolos durante a Páscoa do ano da sua morte. Com certeza Jesus queria um ambiente de confraternização e cordialidade para esse encontro que, só Ele sabia, seria o último a reunir o grupo todo.
Normalmente, aquela ceia seguiria o ritual das ceias culturais judaicas. No início o hospedeiro tomava um pedaço de pão, erguia um palmo acima da mesa e dizia uma breve oração antes de dividir o pão com todos. E na Páscoa, para assegurar as graças divinas, a ceia incluía o sacrifício de um cordeiro.
Mas, dessa vez, no início Jesus tomou o pão, partiu e, no lugar da oração convencional, disse “Tomai, e comei. todos Isto é o Meu Corpo que será entregue por vós”.
Pronunciando aquelas palavras, Jesus colocava-se no lugar do cordeiro sacrificado habitualmente e os pedaços do pão que distribuía representavam o Seu corpo – que brevemente, pelo sacrifício na cruz, seria entregue para a salvação de toda a humanidade.
No fim da ceia Jesus tomou o cálice de vinho abençoou-o dizendo “Bebei dele todos; porque isto é o meu sangue, o sangue da Nova Aliança, derramado em favor de muitos para remissão de pecados”.
Ao dizer Nova Aliança (o mesmo que Novo Testamento), Jesus quis demonstrar que não valia mais a Antiga Aliança (ou Antigo Testamento) pela qual Deus havia escolhido apenas Israel para ser o Seu povo. A Nova Aliança estabelecia uma nova relação entre Deus e os homens. Com ela, não apenas Israel, mas todos os povos seriam chamados a serem filhos de Deus.
E, para deixar esta mudança marcada no coração dos homens de uma forma especial, Jesus terminou dizendo “Fazei isto em memória de mim”.
Assim foi instituído o sacramento da Eucaristia, que é o ritual central da Missa e a memória da paixão de Cristo. Nesse ritual, através da comunhão mostramos a nossa gratidão por poder partilhar a presença do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
O ritual da Missa justamente revive todos os momentos daquela memorável refeição com o mesmo sentido de fraternidade. São quatro partes ou momentos bem distintos.
A primeira parte da Missa, os Ritos Iniciais, marca a chegada e a reunião de todos os convidados em torno da mesa.
Segue-se uma animada conversa entre amigos que se encontram: é a segunda parte, a Liturgia da Palavra, o alimento espiritual, a palavra de Deus – a Boa Nova que Jesus sempre pregava.
A terceira parte é o momento central de toda ceia – todos vão alimentar-se. É a Liturgia Eucarística, o coração da Missa. Ela revive o mistério pascal de Cristo, isto é, Sua Morte e Ressurreição.
Com a consagração feita sobre o altar, a hóstia adquire as propriedades do Corpo de Jesus. E como fizeram os apóstolos naquela ceia, os fiéis também tomam seu alimento sólido (o pão, agora carne), e podem tomar o vinho, seu alimento líquido (em muitas ocasiões o celebrante imerge a hóstia no cálice de vinho antes de oferecê-la ao fiel).
A Eucaristia recorda esse momento de comunhão. Na Eucaristia os fiéis ressurgem com Cristo para uma nova existência.
Encerrando a Ceia, a bênção e a despedida dos Ritos Finais têm o mesmo sentido da bênção dada por Jesus a seus discípulos após Sua ressurreição: nesse momento Jesus os enviava ou despedia para pregar pelo mundo a palavra de Deus.
Curiosidade: Por que beijar o altar?
Presente em muitas culturas, o beijo pode ser um simples cumprimento, ou transmissão de força através do sopro (Cf. 2Rs 4,34), ou expressão de reverência, veneração, respeito, entrega espiritual, amizade, fraternidade, pertença a um determinado grupo, amor, intimidade, comunhão (Cf. Rm 16,16). Antes de tudo, trata-se de um sinal de veneração pela mesa comum, na qual se celebra a ceia do Senhor. Com o tempo, quando já não se via perigo de confusão com os chamados cultos ‘pagãos’, a mesa foi sendo chamada de ‘altar’ e considerada representação simbólica de Cristo que é pedra angular, rocha espiritual, único templo, altar, sacerdote e vítima da nova aliança. Assim, o beijo dado à mesa começou a ser entendido como um beijo a Cristo. Durante a Idade Média, as relíquias dos mártires incorporados no altar recebiam de certa forma mais atenção que o próprio Cristo: o beijo do altar começou então a ser entendido como veneração dos mártires cujas relíquias aí se encontravam. Na renovação litúrgica do Concílio Vaticano II, o beijo da mesa da eucaristia na missa volta a ser considerado simplesmente como ‘sinal de veneração’ e se limita ao beijo dado no início pelo presidente da celebração e pelos presbíteros e diáconos concelebrantes. No final da missa, somente o celebrante principal e os diáconos beijam o altar outra vez.

Um comentário: