O 1º Bispo


O 1º Bispo


DOM JOÃO BERGESE

1º BISPO DE GUARULHOS

Ciente que todo bispo recebe um chamado, o de viver em comunhão com aIgreja que lhe é confiada, Dom João Bergese, 1º pastor de nossa diocese, foi bispo em Guarulhos por 10 anos.
A frase “ Chamados para a comunhão” do Evangelho que dá o titulo a esta página foi o lema episcopal de Dom João Bergese, o primeiro Bispo de nossa Diocese e diz bem quem foi Dom João para nós de Guarulhos.
Dom João Bergese, nascido em Savigliano (Cúneo), Itália, a 13 de setembro de 1935, entrou no seminário diocesano de Saluzzo em 09 de outubro de 1953, onde concluiu o 2º grau e o curso de Filosofia. O zelo missionário trouxe-o, ainda estudante de Teologia, para o Brasil, onde passou a atuar na Arquidiocese de Ribeirão Preto (SP), acolhido pelo sempre lembrado Dom Luiz do Amaral Mousinho. Recebeu a unção sacerdotal em 1º de dezembro de 1963 pelas mãos de Dom Agnello Rossi, na ocasião Cardeal Arcebispo de São Paulo.
Iniciou sua atividade pastoral no Seminário Arquidiocesano de Ribeirão Preto, onde trabalhou intensamente por cinco anos. Em seguida trabalhou em várias paróquias da periferia daquela cidade.
Uma das marcas de seu trabalho pastoral foi sem dúvida, o zelo com o trabalho
em prol das vocações, da promoção humana e da evangelização.
Eu o conheci no ano de 1981, ano em que entrei no Seminário Diocesano em Mogi das Cruzes. No mês de março daquele ano, os seminaristas vindos de Guarulhos receberam a visita do Pe. João Bergese, que acabava de ser nomeado bispo da nova diocese de Guarulhos recém criada. Naquele encontro, o Pe. João Bergese se mostrou bem simples e atencioso no trato conosco e despertou bastante esperança, de um frutuoso trabalho à frente da nova diocese que surgia.
Nos foi também comunicado que, quem quisesse, podia optar de passar para a nova diocese. Quem optou por Guarulhos foram naquela época, além de mim: Pe, Valdocir, Pe. Aparecido, Pe. José Fernando e Pe. Gildarte. O estimado Pe. Raimundo Forget, então coordenador diocesano da pastoral, falando sobre o processo de criação da nova diocese dizia:
“quando uma região começa a despontar com particularidades especiais, como uma população volumosa e o conseqüente surgimento de problemas específicos, o Papa pode julgar a necessidade de se dar autonomia àquele lugar, sendo oportuna a instalação de uma igreja particular”. (FORGET, Raimundo, 1981).

Foi exatamente o que ocorreu em Guarulhos, continua o Pe. Raimundo:
“há anos começa a demonstrar características próprias: problemas pastorais bem específicos, como o surgimento de um número cada vez mais crescente de favelas, de necessitados. Os cristãos de Guarulhos necessitam de um atendimento mais próximo que lhes oriente no objetivo de tornar o mundo mais fraternal, cheio de amor e fé”. (FORGET, Raimundo, 1981).

A Diocese foi instalada no mesmo dia da Ordenação Episcopal de Dom João, no dia 05 de Abril de 1981, no campo de futebol do Hospital Pe. Bento, pois naquele ano a Campanha da Fraternidade versava sobre Saúde para Todos. Eu como seminarista, tive a honra e graça de participar da celebração; ao lado do então seminarista José Fernando, seguramos as velas da celebração. Quem presidiu a celebração foi o núncio apostólico da época D. Carmine Rocco, tendo como Bispos concelebrantes D. Emílio Pignoli bispo de Mogi das Cruzes e D. Angélico S. Bernardino na época Bispo Auxiliar da Arquidiocese de São Paulo, e ambos colegas de seminário de Dom João. Segundo jornais da época tivemos ali reunidos mais de cinco mil pessoas.
Dom João encontrou na época de sua posse em Guarulhos: 17 paróquias, 22 padres, 09 congregações religiosas femininas e uma população estimadana época de 500 mil habitantes.
No convívio humano e pastoral do dia a dia, Dom João sempre demonstrou um jeito simples de ser; muito próximo dos seminaristas e dos padres e muito preocupado com a pastoral urbana, evangelizar na grande cidade.
No dia 08 de Maio de 1991, foi nomeado Arcebispo de Pouso Alegre- MG, tomando posse no dia 22 de Junho de 1991.
Tive a graça de visitá-lo em Pouso Alegre onde fui acolhido com muito carinho e amor de pai, pois fui ordenado presbítero por ele.
Quando de sua cirurgia no intestino fui visitá-lo em uma segunda feira, ele estava abatido e preocupado com a visita do Núncio Apostólico que teria vindo na quinta feira seguinte para inaugurar o novo seminário diocesano de Pouso Alegre. Depois fiquei sabendo que, apesar da saúde fragilizada, foi à inauguração, mas sentiu-se mal. Internado prontamente no hospital da cidade, veio a falecer no dia 21 de março de 1996.
Encerro este texto com algumas palavras do próprio D. João, extraídas da sua Carta Testamento datada de 18 de abril de 1993 (quase três anos antes de seu falecimento):
“(…) Agradeço a Deus, por ter-me chamado ao serviço episcopal: durante 10 anos na Igreja Particular de Guarulhos, como 1º bispo diocesano, e agora desde o dia 02 de junho de 1991, como Arcebispo desta Arquidiocese de Pouso Alegre. Nestes 13 anos aprendi mais ainda o despojamento, o serviço da Caridade pastoral, a doação plena e total aos irmãos  menores e esquecidos. Sempre senti a ‘terrível’ responsabilidade de ser bispo hoje, mas nunca faltou-me a graça de Deus que sustenta o Pastor. A Providência foi generosa e nunca faltou o necessário. Agradeço a todos os diocesanos, presbíteros, religiosos e religiosas, seminaristas, leigos e leigas, a aceitação desta pobre pessoa e a generosa colaboração que sempre deram para o crescimento do Reino de Deus (…)”. (BERGESE, João, 1993)
“[...] É mal menor, errar agindo do que nada fazer As lutas são vencidas por aqueles que lutam, não por aqueles que criticam”- (BERGESE, João)
Esta última frase foi acrescentada mais tarde e escrita a mão no lado superior esquerdo da carta testamento.
Com saudade!
Pe. Renato Bernardes Duarte
Presbítero Diocesano

Brasão de Dom João Bergese

Ao lado apresentamos o Brasão de Armas de Dom João Bergese com o seguinte lema: “Chamados para a Comunhão”.
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